"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 10 de janeiro de 2016

"A GUERRA DO AÇÚCAR" - NASSAU CONQUISTA ELMINA




O stadthoulder João Maurício de Nassau verificou desde sua chegada ao Brasil que a produção açucareira não progredia, principalmente, devido à devastação das plantações e engenhos e à falta de mão-de-obra escrava, combalidos pelos seis anos de guerra. A cadeia produtiva do açúcar alicerçava-se, essencialmente, na mão-de-obra escrava oriunda, principalmente, da costa ocidental da África. Com o prolongamento do conflito, muitos escravos morreram, outros foram levados para o sul pelo Conde de Bagnuolo e a maior parte deles fugiu, refugiando-se nas matas de Pernambuco e formando os quilombos, dos quais o mais notável foi o de Palmares. Diante da carência de escravos, Nassau resolveu organizar uma expedição militar para conquistar a principal fonte de mão-de-obra escrava para o Império Ultramarino português, o castelo de São Jorge da Mina, mais conhecido por Elmina, localizado na Costa do Ouro africana. 

A Companhia das Índias Ocidentais holandesa já possuía uma feitoria na Costa do Ouro, o Forte Nassau fundado em 1611, próximo de Mori e não muito distante de Elmina. O comandante da praça, Claes van Ypern, informou ao stadthoulder sobre as deficiências da guarnição portuguesa em Elmina:

"Elmina tem presentemente apenas uma pequena guarnição, nenhuns reforços tendo sido recebidos nestes últimos meses. Sendo como são favoráveis aos holandeses as tribos de negros que habitam nas imediações, uma excelente ocasião se oferece a rendição do forte. Quem dominar Elmina tem a chave da Costa do Ouro em suas mãos."


Mapa da África indicando a posição de Elmina


Compreendendo a boa oportunidade, Nassau organizou uma força de 800 soldados e 400 marinheiros, em nove navios, para conquistar a feitoria portuguesa na África. Sob o comando do coronel Johann van Köin, a expedição partiu do Recife em 25 de julho de 1637 e, após dois meses atravessando o Atlântico, apresentou-se diante de Elmina. Os holandeses desembarcaram próximo ao Cabo Corso e assestaram suas baterias, iniciando o sítio. Apesar das informações sobre a fraqueza da guarnição, os portugueses conseguiram contra-atacar utilizando uma força de escravos negros e provocaram muitas baixas entre os holandeses. Mas, apesar de ser bem construído – fosso duplo e 30 peças de artilharia de bronze, o castelo de São Jorge não resistiu aos cinco dias ininterruptos de bombardeio e capitulou na manhã de 28 de agosto. A vitória fácil, obtida com menos de uma semana de cerco, surpreendeu os holandeses, que esperavam uma defesa bem mais obstinada.

O castelo de São Jorge da Mina na atualidade


O coronel Van Köin retirou-se com seus navios uma semana depois e deixou, como força de ocupação em Elmina, um contingente de 175 soldados, holandeses e alemães, sob as ordens do capitão Walraeven van Malburgh, que ficou diretamente subordinado a Nassau. A captura de Elmina atendeu à demanda de trabalhadores negros para a Nova Holanda, havendo, entre 1636 e 1637, um aumento de 58% na obtenção de escravos.


Conheça essa e outras histórias lendo

"A guerra do açúcar: as invasões holandesas no Brasil"

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