"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 25 de agosto de 2013

MEMÓRIA VIVA DE RESGATE DE NAVIO

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Ex-militar acreano de 91 anos estava a bordo do cruzador destacado para socorrer sobreviventes do Bahia, que afundou perto dos Rochedos São Pedro e São Paulo


Mesmo 68 anos depois do ocorrido, o naufrágio do cruzador Bahia ainda está marcado na memória do ex-militar Raymundo Leite, de 91 anos, que mora no Ibura, Zona Sul do Recife. Assim que viu a foto publicada na edição de domingo passado do (no alto à direita), em reportagem sobre a história da tragédia, reconheceu o momento retratado.

Essa foto foi feita do navio em que servi durante a Segunda Guerra, o cruzador Rio Grande do Sul, que era gêmeo do Bahia. Ela retrata o momento em que resgatamos quatro marinheiros de uma barca que estava à deriva na região do naufrágio”, relembra Raymundo. O navio afundou perto dos Rochedos de São Pedro e São Paulo, no Oceano Atlântico, ao norte de Fernando de Noronha.

O ex-militar acreano conta que, apesar de a barca conter quatro tripulantes do Bahia (que vitimou 346 pessoas), só dois marinheiros retornaram ao Recife com vida. “Um deles já estava morto quando encontramos o barco. Os outros estavam muito fracos, e um deles morreu ainda no nosso navio”, conta. Além da fome e da sede, os náufragos ainda sofriam com outro perigo: os tubarões. “O barco deles estava cercado quando os encontramos. Uns colegas mataram alguns dos bichos a tiros de rifle, mas o sangue só atraiu mais tubarões.”
Raymundo ganhou das Forças Armadas uma medalha de duas estrelas pelos 200 dias de participação no conflito, todos eles à bordo do Rio Grande do Sul. 

Como o cruzador era idêntico ao Bahia, o militar da reserva discorda da teoria defendida pelo escritor pernambucano Paulo Afonso Paiva, em seu livro O porto distante, de que o navio teria sido afundado por submarinos alemães. “Acredito que tenha sido um acidente. Os canhões antiaéreos dos cruzadores realmente tinham uma proteção que impedia que se alvejasse o convés, mas só foi instalada posteriormente”, explica Raymundo.

Além disso, pela experiência do ex-militar, um torpedeamento não teria atingido a popa do cruzador. “O Bahia estava muito exposto, e certamente teria sido atingido de lado. Acertar um torpedo na popa é mais difícil, e as bombas de profundidade ficam justamente lá, e poderiam muito facilmente terem sido atingidas por acidente”.

Fonte: Jornal do Commércio

 

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Um comentário:

  1. Comentário do escritor pernambucano Paulo Paiva:

    Acabo de ler a transcrição que v. fez da reportagem do JC de 25/8, em que o ex-tripulante do Cruzador "Rio Grande do Sul" fez a reportagem publicada no domingo anterior (18/8). Nela, demonstro que o "Bahia" não foi vítima de "disparos acidentais de metralhadora do próprio navio que atingiu bombas de profundidade que estavam no convés". Na verdade o navio foi vítima do submarino alemão U530 e o porquê do encobrimento do crime, pelos americanos, é descrito no meu livro.
    Sr. Raymundo diz "que os contgeradores são forma colocados nas metralhadoras depois do acidente". Não é verdade, as metralhadoras Oerlikon de 20mm - produzidas originalmente na Suíça - tinham um dispositivo que impedia que ela baixasse além de uma certa angulagem, justamente para impedir acidentes.

    Pesquiso o assunto há mais de 10 anos.

    Paulo Paiva

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