"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 10 de abril de 2010

AS BANDAS DE MÚSICA MILITARES



A história da música na antiguidade evidencia a sua importância na sociedade como instrumento de integração e socialização. Porém, a terminologia “banda de música” só é apresentada, pela primeira vez, em 1678 na Inglaterra, pois, até então, só havia notícia de músicos nas tropas. A partir dessa data as bandas de música militares não cessaram de se multiplicar e desenvolver repertório próprio inerente à sua condição de militar. Na Europa, a banda de música parece ter suas origens na França. No Brasil, os músicos militares também exercem um papel relevante na sociedade brasileira desde os tempos coloniais, porém, não mais motivados pelos combates e batalhas, mas, principalmente, pelas suas apresentações cívicas, religiosas e muito mais sociais do que no início da história da música em ambiente militar.
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Embora haja a confirmação da existência de bandas militares na segunda metade do século XVIII, em Pernambuco, elas vieram a ser mais populares a partir da chegada de D. João VI, com sua corte ao Rio de Janeiro em 1808. O rei trouxe consigo uma banda de música portuguesa e, durante a estada da família real no Rio de Janeiro, foram realizados vários concertos pelas bandas existentes na época.
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As bandas de música militares do final do século XVIII foram criadas nos regimentos milicianos do Recife e Olinda, por ato do governador D. Tomás José de Melo. A exemplo destas, foi criada também uma banda no terço auxiliar de Goiana (PE), em 1789, mantida pela respectiva oficialidade. Mediante consentimento daquele governador, também se registra uma banda de um regimento de linha da guarnição da vizinha cidade da Paraíba em 1809, composta por dois pífaros, um dos quais, de Manuel de Vasconcelos Quaresma, que era o mestre, e mais duas clarinetas, duas trompas, um fagote e um zabumba.
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Desde os tempos coloniais e, principalmente, após a decadência da exploração de ouro no Rio de Janeiro, as primeiras bandas de música, formadas por barbeiros, escravos em sua maioria, tocavam fandangos, dobrados e quadrilhas em festas religiosas e profanas.
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Em 1831, são criadas as bandas de música da Guarda Nacional, e esta arte espalha-se pelo país. Em 1896, Anacleto de Medeiros funda a mais famosa de todas as bandas de música: a do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Naquela época, um grande número de músicos militares atuava em orquestras e outros nas igrejas onde participavam do serviço religioso. Como no Brasil, nos tempos da colônia, existiam os músicos das tropas de cavalaria e de infantaria, os quais não se limitavam à música militar.
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Pode-se dizer que a primeira banda militar, organizada como um conjunto, apresenta-se em 1808 com a vinda da família Real para o Brasil. Tratava-se da banda marcial da Brigada Real da Marinha, que deu origem a Banda do Corpo de Fuzileiros Navais. Após a chegada do Rei, em 1810, foram criadas as bandas para os Regimentos de Cavalaria e Infantaria da Corte. O apoio do D. Pedro I foi imprescindível para o surgimento das bandas de música, tendo em vista sua habilidade como compositor, pianista, clarinetista e fagotista.
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Da Guerra do Paraguai, se não há melhores registros de organização das bandas militares, há copiosas referências à atuação dos nossos músicos militares em campanha, constantes de comovidas reminiscências, nas quais há relatos de “Combate entre Músicos”. Esses documentos registram a luta da Banda de Música do 42° de Voluntários contra a banda do 40° Corpo do Exército paraguaio, a Guardiã de Lopez, culminando com a banda inimiga destroçada e sobrevivência de apenas seis integrantes da nossa Banda. Entre os nossos mortos, estava o seu mestre Felipe Neri Barcelos, comandante daquela ação.
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Com a decadência do ouro no século XIX, toda a pompa e o brilho do cerimonial viram-se diminuídos, como em todos os setores da sociedade. Já não havia tanto dinheiro para o pagamento dos serviços de música, o que contribuiu para a redução do número de músicos e refletiu diretamente na diminuição do número das orquestras, fator que deu origem às bandas civis. Essas bandas assumiram, como herança, o serviço eclesiástico que era executado pelas orquestras. No fim do século XIX, usando uniformes que lembram o dos militares, surgiram as associações, liras e filarmônicas, que logo se espalharam pelas diversas cidades do Brasil. As bandas de música evoluíram e transformaram-se em uma das mais populares manifestações da cultura nacional: onde havia um coreto, existia uma bandinha, orgulho da cidade.
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No seio das bandas de música, formaram-se notáveis músicos profissionais e amadores, eruditos e populares, dentre os quais se destacam renomados maestros e instrumentistas, como Patápio Silva, Anacleto de Medeiros, entre outros. As bandas também foram um centro gerador de novos gêneros musicais e de um vasto repertório de chorinhos, marchas e dobrados.
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De todas as manifestações artísticas produzidas pelo ser humano, poucas guardam tanta afinidade com a profissão militar quanto a música. Desde a mais remota antiguidade até às guerras de alta tecnologia de nossos dias, as bandas militares cumprem o singular e insubstituível papel de reforçar o moral e o ânimo daqueles que, nas casernas em tempos de paz ou nas agruras das campanhas, dedicam-se à profissão das armas.

Fonte: Adaptado da Revista Verde-Oliva nº 201
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4 comentários:

  1. NÃO EXISTE UM PATRONO DAS BANDAS MILITARES? DOS MÚSICOS MILITARES? (carlosfonttes@ibest.com.br) - SOU DELEGADO DA ACADEMIA DE HISTÓRIA MILIYAR TERRESTRE DO BRASIL - URUGUAIANA - RS.

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  2. Olá, estou pesquisando dados sobre o Sargento Joaquim Lourenço de Azevedo Filho que foi regente do 9º regimento da cavalaria rj(antiga capital federal), foi tb 1º Tenente Maestro Regente da Banda do Corpo de Bombeiros da cidade de Santos.
    Caso tenha alguma informação, agradeço

    lobusdaestepe@gmail.com

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  3. Olá, estou pesquisando sobre as origens e desenvolvimento da música na Polícia Militar de Minas Gerais, sou 1 tenente músico spalla da Orquestra sinfônica da Polícia Militar de MG.

    Caso tenha alguma informação e fonte, agradeço.

    mlacerda2007@gmail.com

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  4. No Exército o Patrono dos Músicos é o Cap FRANKLIN. Ele foi o Regente da Banda de Música da FEB. Regeu a Banda na inauguração do Estádio do Maracanã em 1950. Já na Reserva foi contratado para reger a Banda de Música da Prefeitura de Volta Redonda e Coral dos Alunos das escolas municipais na década de 80. Tive a satisfação de conhecê-lo bem antes de ingressar no Exército pois cantava no referido coral quando tinha 10 anos de idade.

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