"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

BLITZKRIEG - A GUERRA RELÂMPAGO ALEMÃ






Blindados motorizados protagonizam uma nova tática alemã de combate na Polônia - Êxito lancinante da 'Blitzkrieg' deixa Adolf Hitler estupefato - Eficácia da estratégia coloca em xeque a velha guerra de trincheiras
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Cinco preceitos aparentemente simples guiam a nova doutrina de combate alemã, a Blitzkrieg, ou "guerra relâmpago". A receita militar, que culminou em grande êxito na Polônia, é a seguinte:

- A mobilidade compensa a desvantagem numérica;
- Veículos blindados propiciam maior mobilidade em comparação à cavalaria;
- A blindagem de um tanque é mais valiosa na defesa do que no ataque;
- Tanques devem ser usados em agrupamentos pesados (divisões, batalhões e até mesmo exércitos) distintos de outros destacamentos em serviço;
- Dotados de velocidade, força e presença maciça, os tanques devem penetrar nas linhas inimigas para destruir suas comunicações.

Em sua estréia nos campos de batalha, a estratégia acaba de produzir um estrago sem precedentes na história militar moderna. Graças à Blitzkrieg, a investida da Wehrmacht (as Forças Armadas alemãs) na Polônia foi simplesmente avassaladora. A campanha vitimou 200.000 poloneses - 70.000 mortos e 130.000 feridos - e provocou baixas abaixo da expectativa no lado tedesco - 8.000 mortos e 27.000 feridos. Analistas internacionais previam no mínimo dois anos de combate, mas a defesa capitulou em menos de 30 dias. Surge a pergunta: de que cartola os alemães tiraram esse coelho?
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Para analisar a origem da vitória, é necessário mergulhar na derrota. O revés na Grande Guerra e as restrições impostas pelo Tratado de Versalhes, em 1919, forçaram o comando militar teutônico a mudar de atitude. Mesmo antes da reabertura da velha academia de guerra tedesca, a Kriegsakademie, em 1935, o Exército, sob o comando do general Hans von Seeckt, já se tornara extremamente receptivo a novas doutrinas e princípios para reconstruir suas bases - uma delas, a idéia da supremacia das divisões blindadas.
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Blindados alemães avançam através da França em 1940
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Para britânicos e franceses, os tanques ainda eram vistos com a função da cavalaria de uma era passada, que lutava ao lado da infantaria em um determinado front. Já os nazistas, com sua nova geração de oficiais, resolveram apostar nos Panzer, ladeados pelo poder aéreo e pela guerra subversiva, extraindo o máximo das comunicações via rádio entre tropas para propiciar avanços rápidos e seguros. Bingo. A tática foi tão bem-sucedida que alguns altos oficiais alemães, hospedados num castelo em Finkenstein, tiveram tempo e tranqüilidade para caçar cervos no bosque da região logo depois da primeira semana de combates.
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Dupla função
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Atribuído a Adolf Hitler, que o teria cunhado com propósitos de intimidação, o termo Blitzkrieg na verdade refere-se a um conjunto de idéias básicas que não foram esboçadas pelos germânicos. Estrategistas britânicos como o capitão Liddel Hart, o major Fuller e o major-general Martel já haviam teorizado alguns desses preceitos. Na Alemanha, a primazia do estudo da estratégia foi do general alemão Heinz Guderian, que, ao lado de outros jovens oficiais, debruçou-se sobre o assunto.
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O militar formulou então a revolucionária teoria de que os tanques deveriam ser a força principal de um ataque, a quem todas as armas deveriam estar subordinadas. Hitler se mostrou receptivo à técnica: além do interesse bélico, o Führer viu nos tanques um forte apelo propagandístico, já que as unidades mecanizadas costumam impressionar bastante os civis nos desfiles militares.
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Na Polônia, porém, deu-se o contrário - foi o líder alemão quem se impressionou com a potência de seus apadrinhados. Em um dos combates, um regimento de artlharia polonês em marcha foi interceptado e literalmente esmagado pelos Panzers. Hitler, que chegara ao local em seu trem Amerika, viu o que restou das armas e ficou assombrado quando foi informado que o estrago fora causado por tanques. Ele pensou que fossem bombardeiros Stukas os responsáveis pela cena.
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Unidades motorizadas seguem de perto as tropas blindadas alemãs
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Céu negro
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Mesmo assim, as ofensivas aéreas ainda ocupam papel importante no receituário da Blitzkrieg: cabe a elas conquistar pontos-chave do território inimigo, à frente das fileiras blindadas, para facilitar a abordagem. Na campanha polonesa, a Luttwaffe foi notavelmente eficaz na tarefa de bombardear os campos de pouso e outras instalações militares.
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Mas o front aéreo ainda pode esperar por mais novidades dos tedescos: Hitler já declarou que a guerra do futuro terá "um céu negro de bombardeiros, dos quais cairá uma tempestade de pára-quedistas, cada um com sua metralhadora em punho". Por mais que a Europa ainda esteja distante desse cenário - o regimento de pára-quedistas da própria Alemanha apenas engatinha -, o certo é que a Blitzkrieg chegou para colocar uma pá de cal na velha guerra de trincheiras.
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Fonte: Veja.com – Especial.
Disponível em:


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