"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



terça-feira, 21 de abril de 2009

O TERÇO ESPANHOL

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O Terço (ou tercio, em espanhol) era uma unidade militar de infantaria espanhola que inovou a arte da guerra no período da dinastia Habsburgo. Mostrou-se tão eficiente que sua estrutura tática inspirou os exércitos europeus por quase 100 anos.


No início o tercio ficou famoso por sua resistência no campo de batalha e acabou se tornando a elite das unidades militares do governo de Madri. A partir de 1920 também recebem este nome as formações de valor regimento da Legião Espanhola, unidade profissional criada para combater nas guerras do norte de África.


Origem
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Embora oficialmente criados pelo rei Carlos I de Espanha, quando da reforma do exército de 1534, para guarnecerem as possessões espanholas na Itália e para operações ao longo do Mediterrâneo, suas origens remontam às tropas de Gonzalo Fernández de Córdoba, El Gran Capitán.

Os três primeiros tercios criados foram el Tercio Viejo de Sicilia, el Tercio Viejo de Nápoles e el Tercio Viejo de Lombardia.


Concepção

O tercio era outorgado pelo rei da Espanha diretamente ao seu Capitão, em função da necessidade bélica e disponibilidade econômica do oficial. O Capitão deveria financiar a unidade militar diante da expectativa de retorno financeiro dos saques e conquistas, sendo, pois, seus verdadeiros proprietários.

Assim, o tercio, não se constituía apenas de uma unidade militar senão, e antes de tudo, de uma unidade administrativa baseada na concessão do rei ao capitão, capaz de assegurar o domínio real espanhol e com baixo custo para a coroa, uma vez que dispensava os dispendiosos regimentos reais.

O Capitão outorgado, por sua vez, recrutava homens mediante as mesmas (ou outras) promessas de propriedades, riquezas e benefícios. Não raro, só a alimentação e o armamento da tropa já consumiam todo o capital do Capitão, sendo necessário o concurso de outros financiamentos.

Daí percebe-se que o sucesso dos tercios decorria mais do interesse de todos os seus componentes no resultado econômico da vitória do que na subordinação formal ou do recebimento do soldo que, em variados modelos e situações, nem sempre existia.




Organização
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Embora a organização dos terços tenha variado muito durante sua existência (1534-1704), as primeiras unidades foram inspiradas nas legiões romanas e possuíam um efetivo de 3.000 homens.

A estrutura original dividia o tercio em 10 companhias ("capitanías"), oito de piqueiros (lanceiros) e duas de arcabuzeiros, com 300 homens cada. Posteriormente os terços de Flandres adotaram uma estrutura de 12 companhias, 10 de piqueiros e 2 de arcabuzeiros, cada uma delas formada por 250 homens. Cada terço era comandado por um Mestre-de-Campo, secundado por um Sargento-Mor.

Mais adiante ou se adicionaram companhias de mosqueteiros ou estas substituíram as companhias de arcabuzeiros, e no final - mas raramente - se adicionou apoio de artilharia.

A unidade se fazia acompanhar sempre de um médico e um boticário ou barbeiro, e de ampla assistência religiosa.


Evolução e esgotamento

Os tercios dominaram na época em que as armas de fogo ainda eram de carregamento muito lento. Daí a ênfase na massa de piques que, coesa e compacta, varria as linhas inimigas. Os terços foram os senhores dos campos de batalha europeus, até que o surgimento de armas de fogo mais eficientes começou a devastar sua estrutura compacta.

Depois de acumularem por décadas fama de invencíveis, os tercios acabaram angariando fama de extremamente cruéis, com a atribuição de saques com matanças generalizadas de mulheres e velhos.

Depois de muitas mudanças o modelo acabou se esgotando e os holandeses e suecos, à frente de novos sistemas táticos, comandaram a decadência da infantaria espanhola sendo marcantes, neste sentido, as batalhas de Nieuwport, Breitenfeld e Rocroi. Nesta última, a vitória francesa derrubou definitivamente o mito de invencibilidade dos tercios.




Lista dos Terços

Viejo de Lombardía
Viejo de Sicilia
Viejo de Nápoles
Viejo de Brabante
Viejo de Cartagena o de Ambrosio Spinola
Saavedra
Alvaro de Sande
Flandes
Fuenclara
Caracena
Mortora
Garciez
Alburquerque
Bonifacio
Meneses
Seralvo
Cordobas
Casco de Granada
Nuevo de Toledo
Nuevo de Valladolid
Azules Viejo
Fijo del reino de Nápoles
Zapena
Villar
Monroy
Morados Viejos (Sevilha)
Amarillos Viejos
Azules Viejos (Toledo)
Viejo Lesaca
Castilla
Guipúzcoa
los Arcos
Idiáquez
Aragón
Valencias y Conde de Garcies
Verdes Viejos
Diputación da Catalunha
Ciudad de Barcelona
Collorados Viejo
Amarillo Nuevo (tercio provincial de Léon)
Amarillos Viejos
Costa de Granada
Azules Nuevos (tercio provincial de Murcia)
Los Blancos (tercio provincial de Segovia)
Colorados Nuevos (tercio provincial de Gibraltar)
Morados Nuevos (tercio provincial de Toledo)
tercios de la Armada (2 ou 3 em 1701)
Viejo de la Armada Mar Oceano
Viejo Armada
Fijo de la Mar de Napoles
tercios italianos ( 11 a 14 em 1701)
Toraldo
Cardenas
Avalos-Aquino
Torrecusa
Guasco
Lunato
Paniguerola
Torralto (napolitano)
San Severo (napolitano)
Torrecusa (napolitano)
Cardenas (napolitano)
Lunato (lombardo)
Paniguerola (lombardo)
Guasco (lombardo)
Tercio Vecchio de Nápoles (napolitano)
Tercios irlandeses (1 em 1701?)
Tyron
Bostock
Tercios alemanes (6 a 9 em 1701) tercios des Grisons (suíços, 2 em 1701)
Tercios valones (8 em 1701)
Beaumont

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