"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quinta-feira, 19 de março de 2009

AS GUERRAS PÚNICAS (264 a.C. - 146 a.C.)





Entre os séculos 3 e 2 a.C., Roma e Cartago, grandes potências da época, se enfrentaram na região do Mar Mediterrâneo. As Guerras Púnicas foram uma série de três guerras entre a República Romana e a República de Cartago, cidade-estado fenícia, no período entre 264 a.C. e 146 a.C.. Ao fim das Guerras Púnicas, Cartago foi totalmente destruída. O adjetivo "púnico" deriva do nome dado aos cartagineses pelos romanos (Punici - de Poenici, ou seja, de ascendência fenícia).

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A 1ª Guerra Púnica foi um conflito predominantemente naval ocorrido entre 264 a.C. e 241 a.C..

A 2ª Guerra Púnica notabilizou-se pela travessia dos Alpes, efetuada por Aníbal Barca, e desenrolou-se de 218 a.C. até 202 a.C.

A 3ª Guerra Púnica, ocorrida entre 149 a.C. a 146 a.C., resultou na destruição de Cartago.

Localizada no norte da África, por volta do século III a.C. Cartago dominava o comércio do Mediterrâneo. Os ricos comerciantes cartagineses possuíam diversas colônias na Sardenha, Córsega e a oeste da Sicília, ilhas ricas na produção de cereais. Também estavam estabelecidos no sul da Península Ibérica, onde exploravam minérios, e em toda costa setentrional da África.


Causas

Tanto Roma quanto Cartago disputavam a hegemonia no Mar Mediterrâneo, principal via de transporte de mercadorias. As guerras tiveram como origem a rivalidade entre Roma e Cartago, que se assumia como um centro econômico, político e militar da região do Mar Mediterrâneo ocidental.

Quando Roma anexou os portos do sul da Península Itálica, os interesses de Nápoles e Tarento - colônias gregas rivais de Cartago - tornaram-se interesses romanos. Roma, como líder dos gregos ocidentais, interviu na luta secular entre sicilianos e cartagineses.

As forças das duas potências eram bastante equilibradas, pois o poderio de ambas era sustentado por uma comunidade de cidadãos e um poderoso exército, fortalecido por alianças com aliados em caso de guerra.


A 1ª Guerra Púnica

No início das guerras, Roma dominava a península Itálica, enquanto a cidade fenícia de Cartago dominava a rota marítima para a costa ocidental africana, assim como para a Bretanha e a Noruega. Na 1ª Guerra Púnica, Roma e Cartago foram chamadas para ajudar a cidade de Messina, na ilha da Sicília, ameaçada por Hiero II, rei de Siracusa.

Os romanos, contudo, para expulsar os cartagineses da ilha, provocaram a guerra e sairam vitoriosos. Sicília, Sardenha e Córsega foram anexadas ao domínio de Roma, e os cartagineses tiveram restringida a influência ao norte da África.


A 2ª Guerra Púnica

Aníbal Barca, comandante cartaginês


Os cartagineses reagiram. A 2ª Guerra Púnica começou na Espanha, onde Cartago ampliou seu poder na tentativa de compensar a perda da Sicília. Comandadas por Aníbal Barca, as tropas cartaginesas tomaram Saguntum, cidade espanhola aliada de Roma, o que gerou nova declaração de guerra. Com 50 mil homens, 9 mil cavalos e 37 elefantes de guerra, Aníbal atravessou os Montes Pireneus e os Alpes e conquistou cidades no norte da Itália.



As tropas de Aníbal (inclusive seus elefantes de guerra) cruzam os Alpes a caminho da península italiana


Durante essa campanha Aníbal ficou cego de um olho e perdeu metade dos homens de seu exército. Mesmo assim chegou às portas de Roma, mas, a falta de reforços e o cerco de Cartago pelas forças romanas sob o comando de Cipião, o Africano, obrigaram Aníbal a voltar para defendê-la. Vencido, refugiou-se na Ásia Menor, onde se envenenou para não ser preso pelos romanos. A paz custou caro aos cartagineses: entregaram a Espanha e sua esquadra naval, comprometendo-se ainda a pagar por 50 anos pesada indenização de guerra a Roma.

Alegoria representando a Batalha de Zama




A 3ª Guerra Púnica

Em Roma o senador Catão iniciou intensa campanha contra Cartago. Todos os seus discursos terminavam com a frase: "Cartago precisa ser destruída" (delenda est Carthago).
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A 3ª Guerra Púnica teve início em 149 a.C. e foi fomentada pelo persistente sucesso comercial dos cartagineses, apesar de sua diminuída importância política. Uma pequena violação dos tratados de paz serviu de pretexto para a terceira guerra. Roma destruiu Cartago em 146 a.C. e vendeu 40 mil sobreviventes como escravos. A antiga potência fenícia foi reduzida a província romana na África.


Consequências

Com o fim das Guerras Púnicas, Roma passou a dominar todo o comércio do Mediterrâneo Ocidental e, a partir daí, iniciou suas conquistas territoriais com as quais dominou todo o Mediterrâneo e grande parte da Europa. Roma já era um império em termos de terras conquistadas. Mas as mudanças políticas que aconteceriam após essa expansão territorial acabariam por derrubar a República, iniciando o período político chamado Império.

A civilização cartaginesa desapareceu após as Guerras Púnicas. Sua cultura influenciou os povos berberes do norte da África, mas pouco se sabe sobre sua história. Nos documentos gregos e romanos que chegaram à nossa época, nos quais há um claro preconceito em relação aos cartagineses, podemos ver, nas entrelinhas, a grandiosidade desse povo.
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No que se refere a Roma, seu domínio se ampliou: Sicília, Córsega, Península Ibérica e norte da África foram tomados dos cartagineses. Além das vitórias sobre os aliados de Cartago: a Gália e a Macedônia.
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Soldados romanos em combate


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